A Lotus já fez milagres com base
em carros simples, sempre com base em alterações no motor e na dinâmica dos
projetos-base. Por isso mesmo, quando souberam que o Vauxhall Carlton (versão
inglês do Opel Omega) passaria pelas mãos do pequeno fabricante britânico,
muitos esperavam que dali saísse um monstro capaz de enfrentar o BMW M5 ou
Mercedes-Benz 500. Porém, o modelo que surgiu em 1990 como Lotus Carlton não
apenas imprimia respeito em relação aos seus rivais como também os superou em
muitos aspectos. Não se tratava de mágica ou aconselhamento espiritual do Colin
Chapman, a receita foi bem mais brutal. Nada da máxima da Lotus de alívio de
peso, afinal, tratava-se de um carro executivo que não poderia dispensar luxo e
firulas como couro e apliques de madeira.
Se não podia subtrair peso, o negócio
foi adicionar potência. Para tal, o motor 3.0 24 válvulas recebeu dois turbos
Garrett T25 e intercoolers, tudo junto com ampliação de capacidade cúbica a 3,6
litros, reforço de bloco, virabrequim e outras partes vitais do seis cilindros.
Eram 382 cv de potência e 56,8 kgfm, tudo orquestrado pelo mesmo câmbio manual
ZF de seis marchas do Corvette ZR-1 (recém-lançado). O diferencial autoblocante
e as rodas aro 17 em pneus 265/40 na traseira (235/45 na dianteira) ajudavam a
despejar todo esse potencial mesmo sobre o típico asfalto molhado da
Inglaterra.
Além disso, alterações na geometria de suspensão e freios a disco
com mais de 300 mm garantiam o equilíbrio dinâmico. Todo esse arsenal levava o
sedã executivo aos 100 km/h em 5,5 segundos e só estabilizava o seu ataque aos
285 km/h, sem ser limitado ao acordo germânico que limita a velocidade aos 250
km/h. Isso gerou até críticas da imprensa, mas a General Motors nunca voltou
atrás na decisão de não castrar a velocidade do modelo. As alterações eram
realizadas na fábrica da Lotus de Norfolk, de onde saia após 150 horas de
trabalho pelo preço de 48 mil libras esterlinas. Mas não era uma jóia exclusiva
da Coroa: dos quase mil carros produzidos até 1992, a maioria foi vendida na
Europa continental como Lotus Omega.